De todos os três, Sanzetsu era oque parecia ser mais calmo, não demonstrava em suas feições incomodo algum e nem mesmo fazia perguntas impertinentes ao momento.

Ayumi se simpatizava com todos os três, mas o estrangeiro era oque mais lhe despertava interesse. Pessoas calmas demais tendem a ser um problema quando explodem.

A Morena passou todo o percurso caminhando, como se não estivesse com tanta vontade assim de resolver aquela missão no norte. Ayumi era geniosa, cheia de autoridade e personalidade própria, nem mesmo as normas rigorosas de Konoha impediam ela de fazer oque quisesse fazer.


A floresta estava coberta de neve, as arvores tinham dificuldade em permanecer vivas, tendo em vista que não eram feitas para sobreviver tanto tempo no inverno.

O chão cobria grande parte dos saltos da sensei, que andava com dificuldade na neve.

- Não se preocupem garotos, assim que sairmos da floresta vamos encontrar um cocheiro.

Aquela resposta parecia ser um conforto a ela mesmo, talvez Ayumi não estivesse nem um pouco preocupada com o bem estar de seus meninos.

A pergunta do Nara lhe fez soltar um sorriso.

- Mas olha só, que garotinho precoce eim! – ela gesticulou com as mãos, expondo aos outros o comportamento do Nara – Vou responder a você, mas não pode contar pra ninguém tá? – um risinho sarcástico foi dado.

A Uchiha curvou suas costas se abaixando para alcançar Azrael, colocou uma mão no seu ombro direito para servir de apoio, aproximou sua boca da orelha esquerda do pequeno Nara e sussurrou bem próximo de seu ouvido – Meu elemento é o fogo... – as palavras soaram quase hipnóticas, aquecendo as partes do pescoço com o calor que saia de sua boca. Ayumi percorreu com a língua em seus próprios lábios, lubrificando-os e depois a liberou, colocando a ponta quente e molhada no pescoço gelado da criança, percorrendo em silencio até sua orelha, onde novamente sussurrou após mordiscar seu lóbulo – Minha invocação é a de cobras... – seus dentes caninos tocaram carinhosamente a pele do menino.

Depois dessa resposta bastante complexa e provocativa, a mulher se afastou e continuou andando para fora da floresta.

- Vamos crianças, vamos! Não aguento mais esse gelo todo...

Considerações:

De todo modo a minha roupa me protegia um pouco e talvez por isso eu não sentia tanto frio como eu deveria e isso era algo bom e que me ajudava bastante, mas em algumas ocasiões eu ainda esfregava as mangas para quebrar um pouco do frio no meu corpo. Eu não pude deixar de notar por um curto período um certo relaxamento da Sensei com relação à missão, embora no pergaminho pudesse ter algum teor de serenidade, ela parecia bem tranquila enquanto caminhava, mas talvez fosse apenas o seu jeito de lidar com aquilo, uma Jōnin experiente como ela deve ter vivido esse tipo de situações incontáveis vezes. Sem sombras de dúvidas era a minha chance de aprender bastante, afinal conhecimento nunca é demais. Não podia deixar passar despercebido aquele ambiente branco e com uma sensação térmica tão agradável, diferente de Konoha que muitas vezes o sol parece judiar das nossas peles sem piedade alguma, então eu não reclamaria mesmo que a temperatura caísse drasticamente e eu já esperava por isso, afinal o caminho pela floresta dava esses indícios, se o dia é assim, imagine quando o luar da noite enfim pairar sobre nós.

As palavras da Ayumi-sensei por um momento voltava até minha mente e me fez pensar um pouco comigo mesmo “Será que o Cocheiro não terá problemas com tanta neve?” mas não fiquei remoendo tanto isso na minha mente, afinal ainda caminhava prestando atenção em tudo ao meu redor e principalmente para não acabar tropeçando. Por algum motivo a primeira reação da sensei com relação a minha indagação me deixou um pouco desconfortável, mas não negativamente… Eu acho, mas sim por um lado que não esperava essa reação vinda de uma mulher bem vivida e por algum motivo a palavra precoce não me pareceu tão bem, pelo menos essa era uma rara ocasião que me deixava um pouco confuso e sem saber exatamente oque esperar.

O riso sarcástico da sensei me deixou envergonhado a princípio, era como um “você não deveria ter perguntado isso” ou algo do tipo. Quando a Uchiha se aproximou, algo me deixava bem mais nervoso que o habitual e finalmente ela pareou do meu lado e se abaixou até minha orelha, já estava ficando bem mais tranquilo, talvez fosse algo bem secreto e ela não queria falar em voz alta, mas após abrir sua boca e falar seu elemento, ela fazia questão de me deixar desconfortável e com vergonha, nitidamente corado por causa do arrepio que causava em mim. “Tarada!” pensei comigo mesmo um pouco depois dela terminar de sussurrar o seu elemento que por sinal é Fogo. Mas ela não tinha parado por ai, essa mulher ainda fez questão de me provocar novamente, talvez por ser uma criança e não corresponder a suas provocações, isso deveria ser divertido para ela e já me deixava bem atento à próximos diálogos com a Uchiha, mas ainda me perguntava porque deixaram ela tomar conta de três crianças… Porém ainda tinha outra forma de me deixar corado e bem envergonhado e ela fazia isso com a sua língua a fim de provocar e logo após de me falar da sua invocação, uma mordida. - Ahh… Francamente… - respirei fundo, ainda corado porém com algo em mente para definir ela depois desse método provocante de passar informações. - Ayumi-sensei é uma carente… É bem como dizem, quem vê cara não vê coração, ou carência nesse caso - sussurrei comigo mesmo e um pouco atrás deles, precisamente o último e agradecia por isso.

A invocação da sensei era sem dúvidas algo muito forte, mas eu ficava relutante em falar com ela novamente em algum momento, embora a ideia inicial de adquirir tal contrato não me parecesse uma má ideia, eu não fazia ideia de como ela reagiria a isso, portanto me mantive calado e cessava meu olhar para ela. Me mantive focado na estrada logo depois, a sensei falava que não aguentava mais aquele gelo, mas por algum motivo isso não me parecia tão problemático, tirando o fato de deixarmos pegadas e isso seria crucial em caso de emboscada, mas talvez esse pensamento seja  bem exagerado. Já podia ver a carroça bem a frente, era o sinal que a caminhada estava no fim, embora não conhecesse muito dos outros dois, já tinha algo estruturado com relação a sensei, mas não poderia me esconder na sombra dela. Continuei calado e apenas esperando pelo desfecho, provavelmente a sensei saberia oque fazer e me mantive quieto e esperando para continuarmos a caminhada “Me pergunto que tipo de cenário iremos encontrar quando chegarmos no destino…” pensei um pouco em alguns cenários possíveis, afinal me preparar não seria tão ruim.

Extra: