O Yuki estava sentado sobre o telhado da sua casa enquanto observava as pessoas passarem por meio da neve, como se fosse algo natural ali. Dias de inverno, dias de escuridão, tristeza e solidão. — Onde está o sensei? Acho que posso procurar algo sobre. Já faz um tempo, mas é invocação por meio do sangue, acho que posso ficar mais poderoso assim. — Ergueu a mão, tocando o próprio lábio, pensativo. Com isso, saltou no ar e girou o próprio corpo em um flip, caindo na direção do chão, pousando com suavidade. As pessoas não ligavam para isso, ninjas que passavam pela vila saltitantes, o que era bom, muito bom.

Tempos depois, parou no telhado de um edifício enquanto observava a vila de cima, em todos os seus detalhes. — O cara não está em lugar nenhum mesmo, logo agora ele tinha que sair em missão. Não tenho escolha. Como forma de ficar mais forte sem usar o gelo… — Memórias tomaram a mente do garoto naquele momento, mostrando o corpo sangrento que perdurava sobre aqueles espinhos gelados, assim como vários outros corpos pendurados, sem vida enquanto fios de sangue escorriam sobre a piscina, e sua mão gritando enquanto tocava a própria face em agonia. No fim, o garoto molhado tentava se erguer na água enquanto seu pai o tirava de lá, trêmulo.  

— Que seja. — Falou piscando. — Com sensei ou não, irei dar o meu próprio jeito nessa droga. — Com isso, olhou para as florestas, saltando em seguida enquanto os fios negros esvoaçavam pelo vento frívolo. Escorregou em uma descida de neve, deslizando pela mini rampa natural do campo enevoado, parando á rua. Algumas crianças ficaram surpresas com aquilo, o que fez com que o ninja erguesse a mão e fizesse um gesto, se viram para ir embora enquanto sua expressão voltava a ficar séria, rumo ao objetivo nada fácil, sozinho. — Bem… Hoje é o dia que irei provar do meu próprio veneno e perder sangue para a kunai.  — Comentou, caminhando pela floresta.

Sabia que era pelo sangue, então pela lógica você deveria rasgar a própria pele para que o sangue saísse não? Ou talvez estivesse errado, talvez o sangue pudesse ser usado internamente para fazer uma invocação sem precisar rasgar a pele? A questão era que não sabia como poderia dar certo ou como poderia ser uma coisa dessas. — Bem, estou por aqui. Pela floresta, espero que eu esteja indo pelo caminho certo, e espero que nada desgraçante ocorra comigo, seria um saco ter que lidar com problemas logo em uma era de aparente paz. — Comentou, girando os dedos na kunai enquanto exibia um sorriso ambicioso.

Considerações:

Itens:

— Acho que aqui está bom. — Comentou o garoto, erguendo os olhos cinzas para observar ao redor, de modo a tentar averiguar melhor se seria mesmo o ideal daquilo. — Não vou afetar ninguém por perto, deve ser o suficiente. — Comentou, dando o seu veredito final. Com isso, tudo o que fez foi observar novamente a neve que tocava o solo, difícil era querer dispensar seu pensamento quando toda neve ali lhe lembrava da tragédia que havia ocorrido pelo menos cinco anos mais cedo. Aquilo estava além de sua vontade na época. Mas, era só mais um dos motivos pelo quais agora morava sozinho, sua presença não poderia mais ser um incômodo a pobres pessoas que o criaram.

Com esse pensamento, teceu os selos de mãos necessários e no ato, ergueu o polegar, mordendo com os dentes ali e deixando que uma faísca de sangue jorrasse sobre o dedão, passando o mesmo contra a palma da mão e abaixando o braço rapidamente. — Jutsu de invocação! — Recitou, enquanto fumaça se espalhava por todo o campo após o selo da evocação se mostrar presente sobre a neve, e a grama esverdeada que agora era envolta por uma camada esbranquiçada. Erguendo a mão para tentar dispensar um pouco a ventania que se sucedia, buscou olhar ao redor com os olhos, tentando entender a situação.

No meio daquilo, um movimento fez com que todas as fumaças presentes no local se dissipassem, denotando assim a presença da grande cobra. Aquilo era um cobra enorme. Tão grande que ela poderia facilmente lhe devorar. Com os olhos arregalados e os lábios semi abertos ele pensou. "Essa cobra, só a sua cabeça é o suficiente para me engolir inteiro. Isso é ruim. Eu não deveria fazer isso sozinho, e pensar que o meu contrato é com animais como este. É um mau agouro ou eu sou muito azarado." Concluiu, a cobra olhava para os lados tentando entender a situação, não só, sua língua vibrava.

"Se acalme, no pior das hipóteses, você terá de matá-la. Isso é tudo." Pensou, respirando fundo enquanto um sorriso surgia em seus lábios. — Olá. — De uma forma serena, exibiu um sorriso pequeno e ergueu a mão, indicando uma conversa com a cobra.

Considerações:

Itens:

— … — Apesar de não ter tido uma resposta, o garoto ficou encarando a cobra como se esperasse algo dela. Afinal, quem em sã consciência desvia o olhar para outra coisa quando se tem um monstro gigante em sua frente? Certamente seria uma morte na certa, afinal, já dizia alguém: um ninja deve ver através da percepção. — … — Seu olhar se tornou mais sério ao ver que a cobra já esticava seu pescoço para trás como se fosse dar um veloz ataque. Com isso, uma sombra passou pela sua feição enquanto permanecia parado. — Não tô gostando disso. — Murmurou.

Com isso, sem aviso prévio, a cobra atacou com tudo que ela podia, deslocando o pescoço grosso e enorme como se fosse um demônio colossal louco para ter uma presa desavisada diante de seus olhos, dentro da sua boca, dentro do seu estômago. A cabeça do demônio repitliano se deslocava em sua direção dessa vez, se aproximando mais e mais. Seria o seu fim, se não fosse sua velocidade. Flexionando os joelhos, se inclinou enquanto os fios negros de cabelos se deslocavam para lá e para cá, cobrindo sua feição. Saltando para o alto. Seu corpo se movimentou como uma águia veloz que havia acabado de escapar de uma avalanche.

Girando o corpo em pleno ar, suas vestes se deslocavam em alta velocidade, vibrando como se estivesse dentro de uma ventania. Assim, rodopiou o corpo outra vez, começando a cair em direção ao solo outra vez. Após pousar, se levantou devagar sem deixar claro suas intenções. Havia sofrido um ataque quando ele era gentil, isso era um ato de desrespeito muito grande. Talvez a cobra não tivesse boa educação com sua mamãe cobra, que era outra mal educada. Cobras tinham um péssimo mau humor, e falando nisso, o humor de Shizuku estava começando a mudar. — … — Se levantando devagar, ficou em posição neutra enquanto erguia a cabeça para olhar aquele enorme ser.

— Não te dei permissão pra me atacar. Sou eu quem te invoquei, se continuar assim, não vou poupar esforços em te projetar como um fóssil de cobra congelado, maldita. — Foi a ameaça que se soltou da boca do Yuki junto ao olhar que se revelou com o afastar dos fios enegrecidos de sua genética: Um olhar cinza, porém azulado, como se fosse os olhos de uma tempestade muito fria, cheia de granizo pesado que poderiam facilmente quebrar a cabeça de alguém. Sua expressão era a mais séria, e irritadiça possível munida de uma frivolidade incomum. — Vai continuar com a palhaçada? Estou de mau humor agora. — Avisou, fechando os punhos com força. Impressão dele ou estava ficando mais frio por ali? Que se fodesse.

Considerações:

Itens:

— … — O garoto tornou a olhar para os lados, indicando que estava ciente do poder destrutivo daquela cobra. Apesar de ter errado seu golpe, havia sido potente o suficiente para causar uma destruição considerável no ambiente, como pedras se partindo sobre o chão e árvores caindo. "Que invocação poderosa. E pensar que uma cobra, uma simples cobra colossal com a cabeça maior que um corpo humano fosse capaz de fazer isso." Raciocinou, erguendo o olhar mais uma vez escutar a cobra com a voz que seguiu para dentro de sua mente, a entendendo perfeitamente. "Hm, esse sarcasmo é evidente. Não posso me deixar levar com o que ela pode dizer, confiar desconfiando." Pensava.


— Bem — Começou ele, colocando as mãos dentro dos bolsos, apesar de sua expressão ter se tornado mais leve, a cobra poderia notar que ele estava com o olhar sério, assim como o tom que carregava quando a ameaçou. — Acredito que como um consegui o desvio de seu bote, tenho uma proposta interessante a fazer. — Comentava. — Ordeno um contrato, eu e você. Você não será uma mera invocação, será parte de meu poder da mesma forma que serei uma parte sua. — E um sorriso frívolo surgiu nos lábios do garoto. — Juntos poderemos ser mais poderosos e subjulgar nossos inimigos, quem sabe, você pode achar uma presa bem gulosa pra você comer. — Falava.

— Juntos somos mais poderosos, sei que muitos detestam vocês, cobras, mas não eu. Ademais, você já parou pra pensar em como você é poderosa assim? Essa luz do sol em você, faria qualquer monstro se ajoelhar perante a si mesma, como um monarca. — Com isso, ergueu a mão para gesticular para a outra. — O que me diz? Aceita um contrato comigo? Nem eu nem você sai perdendo, ganhamos superioridade. — Sugeriu, caótico.

Considerações:

Itens:

— Ahn? — O garoto apenas colocou as mãos nos bolsos. — Eu nem tava dizendo isso, ô cobrona. — Yuki simplesmente ergueu a mão e coçou a cabeça, de modo que parecia alguém que estava criando paciência para lidar com alguém como a cobra. "Sério cara… Essa cobra é muito insistente." Pensou. Após suspirar, ergueu a cabeça novamente, para observar a criatura colossa, cujo vento da neve encobria a mecha escura que caia sobre um dos olhos do jovem ninja.

— … — Erguendo as sobrancelhas, buscou olhar ao redor enquanto percebe a tentativa da cobra de certamente, tentar o encurralar, mas se mantém parado. — Nem estava fazendo isso mesmo… — E com isso, ele não tira os olhos da cobra, ficando a encarar a mesma com um sorriso mesmo depois que ela continuasse a insinuar suas brincadeiras. Seu sorriso não era nenhum sorriso debochado ou superior, mas sim algo que demonstrava bondade de certa forma. — Ah é né…

— … — Não falou mais nada, ficou observando ela falar sobre poder e mesmo quando ela se afastou para preparar um possível ataque, continuou parado. — Então tá legal, você quer lutar comigo é? Sendo bem sincero, não gosto muito dos meus poderes… São perfurantes demais pra mim. Mas você não me deixa escolha.— A imagem dos corpos mortos passou pela sua mente, ministrando o sangue que escorria pelo gelo azulado, escorrendo até a borda da piscina onde a água começava a ficar avermelhada. Alguns corpos, balançavam, com o sangue pingando entre seus dedos. Com as mãos nos bolsos, teceria os selos de preparo como uma das mãos para a execução do Kawarimi.

Considerações:

Itens:

— … — O garoto ergueu as sobrancelhas. — Caralho, eu não entendo, porque tudo que eu falo, a cobra distorce? — Ergueu a mão e coçou a cabeça, pensativo. — Eu disse que não gostava muito dele, não que não ia usar, diabo. — Respirou fundo, colocando a mão na testa enquanto a fumaça da ida da antiga invocação agora se espalhava pelo campo esverdeado. O vento quente que saia dos lábios de Shizuku se fez novamente presente enquanto abria a boca em um pesado suspirar enquanto fecha os olhos, com as sobrancelhas erguidas. — Engraçado que aquela cobra poderia ter dito isso, mas duvido que gostaria que tivesse alguma emoção ao levar uma surra. — Levemente animado, exibiu um sorriso.

Com isso, bateu uma mão no outro punho, decidido. — Irei fazer outra invocação. — Não importa que cobra que venha agora, vou dar o cacetinho nela. — Arguiu, alargando o sorriso. Com isso, começou a tecer os selos necessários para a invocação. No último ato, ergueu a própria mão, pegando o sangue remanescente de sua primeira usabilidade do jutsu, batendo a palma sobre o chão e o selo de invocação se fez presente, se espalhando pelo campo em seus círculos e linhas. — Jutsu de Invocação! — Recitou, enquanto que a fumaça tomava conta do campo novamente, mas não era algo comum, era uma fumaça ainda mais densa só que as outras, mais larga, tão larga que o Yuki teve que ficar os próprios pés no chão para não ser empurrado.

Com toda onda de poder,ergueu o próprio punho para cobrir um pouco seu próprio rosto enquanto a ventania da fumaça seguia persistente, fazendo com que seus fios negros se esvoaçassem para todos os lados. — … — "Que sensação esquisita. Isso parece ainda pior do que a outra cobra. O que será que eu invoquei dessa vez?" Questionou, enquanto a fumaça começava a se dissipar e uma grande penumbra surgia naquele local, primeiro começando pelos chifres roxos que agora pareciam a amostra, a fumaça cobria o resto da cobra. — Essa cobra é enorme … Maior que a fresquinha. — Comentou, erguendo a cabeça para olhar enquanto abaixava o braço.

Assim, a fumaça revelou algo surpreendente: Aquela cobra enorme exalava um grande nível de poder, tão esmagador quanto qualquer outro que havia sentido antes. Tinha alguns anéis ao longo de sua cauda e era totalmente roxa, com olhos negros e azuis escleróticos. — Talvez seja a mais forte. — O Yuki comentou. — Mais larga. Mais grossa. Mais forte. Gosto assim. — Um imenso sorriso de satisfação surgiu ao redor da face do garoto, agora com a penumbra cobrindo sua face enquanto uma franja negra caia sobre um de seus olhos. Talvez não talvez sim, o garoto parecia emitir uma aura gélida, mas totalmente empolgada acerca daquela questão. Seu olhar era tão frívolo que chegava a brilhar de satisfação, porém, seu sorriso era o que entregava o oposto disso. Empolgação e frieza num mesmo lugar.

Considerações:

Itens:

— … — O garoto percebeu que aquela sombra era tão colossa quanto qualquer outra coisas que havia visto antes. Apesar do feio que sentia na barriga, o olhar que transmitia surpresa se tornou um olhar sério, cheio de frieza proveniente da própria natureza de Suijin, que era um Yūki. O Senhor do Gelo, da Neve, do Inverno, dos Tempos Gélidos e do Frio. Aquele cuja alma era tão gelada que queimava quem estivesse por perto, ou melhor, perfurava até mesmo seus próprios parentes, banhando-os em sangue, em espinhos de gelos perfurantes cujo lago sangrento era intermitente.

O garoto dos fios escuros exibiu um sorriso frívolo de tal modo que parecia destoar de seu olhar suas feições, era o sorriso de um assassino, um homem que não estava para brincadeiras. A Cobra por ser uma cobra — Dã — talvez não visse, mas a aura que o garoto parecia emitir naquele momento parecia um Jotnar, um maldito demônio do gelo. — Ô que cobrona… Estou ficando empolgado. — Revelou baixinho enquanto permanecia parado sobre a neve fofa, com a cabeça erguida para observar aquela cobra gigante. — Não me admira ser a própria obra do demônio. — Comentou.

"Foi. Tá com algum problema, cobrinha?" Seria a resposta que ele diria aquele réptil ousado e ameaçador, porém, não teve tempo por dizer. Alargou o sorriso ao saltar para o alto outra vez, e abaixo de si, a cobra novamente erraria seu bote, passando por cima como um vento sem rumo. A sombra naquele momento, provavelmente mascarava as feições do garoto, que sorria mais ainda enquanto seu olhar parecia ser algo como um instinto assassino caótico. "Mas que mau educado, nem esperou eu responder. Bem, curve-se a mim." Pensou, e com isso, buscaria pousar sobre o chão, se levantando em seguida como quem não tem mais paciência pra nada. — Curve-se perante o meu poder! Eu sou a porra do seu soberano! — Urrou.

E com isso, estenderia um braço enquanto a outra mão permaneceria dentro da calça. Seus dedos evocariam o grande gelo, aquele presente nos ares gélidos daquela vila, onde a neve cai: A atmosfera. Pela gotícula congeladas, ele buscaria então, com sua própria vontade, formar uma espécie de coleira onde buscaria fazer-se pesar sobre a mesma. O gelo cobriria a cabeça e o pescoço da cobra de modo que buscaria inibir seus movimentos deitando com o peso a cabeça da cobra no chão, a deixando paralisada. — Não tô com brincadeira pra vocês, cobra. Qual o seu nome, Cobra Roxa? — Perguntaria, com um tom autoritário e frio.

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